Maternidade x Homeschooling: A Chegada de um Bebê

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Renata Santos

Muitas mães me perguntam como consigo estabelecer uma rotina com um bebezinho pequeno. Algumas, acredito para serem encorajadas e se certificarem de que aumentar a família é viável no homeschooling. Outras, talvez acostumadas com uma rotina que já fluía “liso”, e se veem perdidas quando um bebezinho entra como novo fator na equação.

O fato é que com o nascimento de um novo membro, toda a rotina da casa se reestrutura, havendo homeschooling ou não. A diferença é que as mães homeschoolers geralmente estão sozinhas em sua jornada, sem alguém para ajudar no trato com o bebê ou na faxina da casa. O bom andamento da casa, dos estudos e o cuidado com o bebê dependem 100% dela, e isso pode sobrecarregar não somente fisicamente, mas também emocionalmente.

Amo o homeschooling porque ele me deu a oportunidade de ampliar a minha família sem maiores estresses com despesas, afinal a escola é a maior conta no orçamento quando se tem muitos filhos. A Ana chegou com uma diferença de 12 anos de sua irmã seguinte, então talvez a minha experiência seja um pouco diferente do que a maioria das famílias que preferem engatilhar seus filhos no “modo escadinha”! Mas vou contar aqui um breve relato da nossa experiência familiar, pois acho que poderá contribuir um pouquinho para a sua experiência familiar.

Quando ela chegou no final de novembro, as atividades programadas para o semestre se encerraram e foram vencidas a tempo. Então, dei 3 meses completos para que todos nós pudéssemos apreciar a experiência que é tão marcante e importante em nossas vidas. Na verdade, o homeschooling mudou um pouco o foco, e passou a ensinar como é ter um bebê na vida de uma família. As “crianças” aprenderam demais: que o bebê é muito fofo, mas demanda muito de todos; que geme a noite toda, impedindo quem está no quarto de dormir; que acorda e chora de madrugada, que faz xixi o tempo todo e precisa ser trocado; que necessita banho e que se tenha muita higiene com suas coisas; aprenderam a segurar e embalar; e o mais legal: a interpretar suas necessidades que são manifestadas por meio de choros diferentes. E nesses 3 meses eles aprenderam tudo isso, pois foram totalmente imersos na experiência. Do que vale profundo academicismo sem a preparação para uma vida vida real? Um adolescente que sabe falar sei lá quantas línguas , mas não sabe trocar uma fralda ou dar um banho em um bebê? Não é isso que desejo para meus filhos.

Quando reiniciamos nossas atividades mais formais, a neném foi acostumada a permanecer em sua cadeirinha de descanso na sala que estudamos. Assim ficava por algum tempo, e cada um carregava um pouquinho quando ela se cansava. A criança que estava livre, era a que carregava. Eles também ficavam com Ana para que eu fizesse o almoço e também pudesse descansar (oh glória!).

A Ana já se acostumou a ser carregada para o quadro, a ficar sentada em cima do mapa mundi, a assistir apresentação, e aulas especializadas. Atualmente, com seus 9 meses, permanece brincando em meio aos estudos, e se sente terrivelmente atraída por cadernos, livros e lápis em geral. Quando escuta a música da Timeline já dá um enorme sorrisão na introdução, e ama ver um flashcard! Creio que o HS fluirá muito mais facilmente para ela. Também acredito no envolvimento dos irmãos mais velhos no aprendizado quando ela crescer mais um pouco, porque realmente as coisas acontecem muito naturalmente.

Pensando aqui com os meus botões, depois de 9 meses de caminhada, penso que o grande segredo para administrar a chegada de um bebê é: parar tudo, ou simplificar ao máximo. É compreender que o nascimento é homeschooling, aplicado de uma maneira tão vívida, que jamais nenhuma escola poderia ensinar. 

Aliás, o nascimento, a doença e a morte, são partes tão importantes da vivência familiar, mas ao mesmo tempo tão apartados de nossas crianças. Não me esqueço da mesa redonda que participei da Conferência Global no Rio, chamada família. Nela assisti um depoimento de uma mãe que mostrou toda a história de sua linda família homeschooler, e vimos em apenas 20 minutos, a história de vida de um pai diagnosticado com uma doença degenerativa. Vi um homeschooling girar em torno do enfraquecimento progressivo de um pai, antes viril e atuante como advogado de famílias homeschoolers. Fotos de um pai na cadeira de rodas indo a apresentações da comunidade, e logo depois na cama com seus filhos em volta. Ouvi o relato de sua morte. A mãe, ao final, disse que a doença moldou o homeschooler familiar, gerando um aprendizado e uma intimidade espiritual em seus filhos inimagináveis. Eu fiquei em prantos, aliás todos nós fomos profundamente tocados pela sabedoria e gratidão da mãe. Mas sai com essa lição: a vida comum do lar é para ser vivida em sua intensidade. 

Portanto, se você acabou de ganhar um bebê ou está prestes a dar as boas vindas ao mais novo integrante da família, dê tempo ao tempo. Curta seu bebezinho e deixe sua família curtir também. Deu para fazer o programado? Ótimo. Não deu? Ótimo também. Durante quanto tempo? O quanto você precisar. Aqui em casa foram 3 meses, mas na sua casa pode ser menos ou mais. Não se preocupe com que os outros vão pensar dessas mega férias acadêmicas, pois seus filhos estão aprendendo a serem pessoas mais virtuosas, bons cônjuges e pais. Não existe melhor coisa para se almejar!

 

 

 

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5 comentários sobre “Maternidade x Homeschooling: A Chegada de um Bebê

  1. Olá, muito obrigada por dividir sua experiência conosco. Preciso de bons exemplos e um norte pra seguir. Gostaria de um conselho, moro nos EUA e tenho dois filhos (4 e 1 ano). Meu esposo não fala português, portanto eu só me comunico em português com meus filhos. Tenho a oportunidade de participar em grupo de classical conversations onde posso receber diversos materiais (livros, CD, etc.) além de uma aula em grupo uma vez por semana para as crianças aprenderem o conteúdo e memorizar em casa. Mas, traduzir todas as músicas, livros, atividades e ensinar só em português ou ensinar tudo em duas línguas me deixa paralizada! Por favor, divida sua sabedoria comigo! Obrigada!

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    • Oi Rayra, tenho excelente notícias para você. Estamos trazendo o CC para o Brasil para o próximo ano! Boa parte do Foundations estará traduzido para o português até o início do primeiro semestre de 2019, e estamos providenciando até as traduções das músicas. Também estaremos fazendo adaptações para a língua portuguesa em Essentials e História do Brasil no Ciclo 3. Enfim, vc poderá fazer um CC bilingue, como nós faremos no ano de 2019, aqui com as famílias que irão iniciar. Assim o seu trabalho diminuirá muito, e espero que suas preocupações também! Acompanhe a página Classical Conversations Brasil no face! Bjs

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  2. Obrigada, gostei muito dos seus dois últimos textos. Me identifiquei muito com esse post. Estou grávida e nunca troquei uma fralda, ou dei banho num bebê. Eu nunca aprendi isso, nunca tive oportunidade, vou provavelmente fazer essas coisas pela primeira vez com meu filho e queria que fosse diferente :/ infelizmente aprendi muitas coisas inúteis, e esses tipos de coisa da vida, dia a dia, nunca tive alguém que se dedicou a me ensinar. Realmente tem umas coisas q são mais importantes q outras.

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